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terça-feira, 31 de março de 2009

O VINHO MÍSTICO (KHAMRIYA)

















Em memória do Bem-Amado
Bebemos o Vinho que nos inebria
Antes mesmo da criação da videira

A taça que o contém
é um disco lunar brilhante
O Vinho, é sol.
Um crescente luminoso,
Um mordomo o serve à roda.
Com que luminosidade resplandece,
Já que no Vinho
Se misturam as estrelas !

Sem o perfume que exala
Um precioso perfume de musque
Eu jamais teria encontrado
o caminho da verdade
que conduz às suas tavernas.
Sem a luz que indica
Sua presença ao longe,
Sua imagem jamais teria
Nascido em meu espírito.

Pois neste século,
Sobrou dele apenas
um ligeiro sopro.
Como se no fundo dos corações
Um pacto secreto
Tivesse encerrado sua lembrança.

Então, apenas na tribo
Seu nome é mencionado,
Pois que uma embriaguez
Toma conta de seu povo.
Embriaguez sem vergonha
E sem pecado.

Por entre os flancos de uma ânfora
Lentamente ele subiu.
E logo, seu nome apenas
Permanece, em verdade,
Para o resgate de sua lembrança.

Tal lembrança
Visita , um dia
O espírito de alguém,
E por isso nesse alguém
A alegria passa a residir,
E a tristeza cela seu cavalo
Para ir-se embora, em longa viagem.

Os convidados descobrem
A tampa que fecha os vasos
Que o contêm.
Só esta visão já basta
Para inebriá-los
Antes mesmo de provar
A bebida.

Este Vinho, o derramamos
Sobre o solo
Onde um morto se enterra :
E tão logo o sopro o reanima
O cadáver e o morto
Levanta-se transbordante de vida.

Não se abandona um doente
Em seu terreno sombrio
Onde crecerá sua videira
Quando o mal tiver partido

O paralítico,
Assim que se aproxima
De suas tavernas,
Volta a caminhar.
Os mudos falam,
Quando se fala
diante deles
da sabor desse Vinho.

Assim que no Oriente
Sopra a brisa
Que traz o seu perfume,
No Ocidente,
Aquele que é privado de sua fragrância
Pode sentí-la
ainda outra vez.

Se, de dentro da taça
Uma gota respinga
Caindo sobre a palma da mão
Daquele que a segura,
Ele jamais se perderá
Caminhando pelas trevas
Pois em sua mão resplandecerá
Uma estrela.

Tal Vinho, é apresentado em segredo
A um cego de nascença :
E no dia seguinte, em plena alvorada
Ele se levanta, tendo recuperado a visão.
Quando se torna claro
o doce murmúrio desse Vinho,
Já logo recupera o ouvido
Aquele que é surdo.

Um tropel de cavaleiros
Ao trotar por sobre a terra
Onde cresce sua videira,
Jamais levaria no casco de seus cavalos
Qualquer resquício verminoso.

Um mago desenhou
Na testa de um possuído
As letras que formam seu nome
O que basta para curá-lo
Tal nome está bordado
No estandarte de um exército,
E todo o que marchar
Na sombra desta bandeira
É conduzido pela embriaguez

Ele educa seus convidados
E por eles, o homem indeciso
Adota o caminho
Das fortes resoluções

Ele sucita a generosidade
Na alma daquele
Cuja mão sempre ignorou doação
Ele ensina a doçura
Àquele que jamais a conheceu
Em seu momento mais colérico.

O mais forte da tribo
Tem o privilégio de beijar
A borda da taça,
Apenas este beijo
Permite-lhe saber
O sentido de suas perfeições

Dizem-me :
Descreva-o para nós,
Já que conheces tão bem
suas qualidades.
Sim, eu o descreverei,
Pois suas qualidades
Conheço-as perfeitamente.

Pureza !
Mas não a da água.
Sutileza !
Mas não a do ar.
Luminosidade !
Mas não a do fogo.
Alma carnal,
Sem corpo de carne.

Suas palavras precederam
Tudo o que existe aqui embaixo,
Quando nesse mundo
Faltavam a forma e a imagem

Por ele constituíram-se
Todas as coisas ;
Em seguida,
Por um certo saber, esconderam-se
Diante dos olhos que não compreendem.

Minha alma amou-o por inteiro.
Eles se misturaram
Para unirem-se
Mas não como uma simples
Mistura de duas matérias

Esse Vinho não foi extraído
De uma Vinha :
Adão é para mim um pai.
Vinha que não dá vinho :
Sua mãe é para mim uma mãe.

A pureza das taças
Contém na verdade
A pureza do sentido secreto
E cujo significado aparece
Através Dele.

A separação veio
Mas o todo é Um.
Nossas almas são o Vinho,
E nossa forma a videira.

Antes dele, não há antes ;
Depois dele, não há depois.
Sua necessária condição
É ser anterior
Ao mais recuado dos tempos.

Seu tempo
Precedeu o limite extremo do tempo.
O tempo de nosso pai
Veio apenas depois do seu.
Nossos pai viveu muito depois dele,
Como um órfão.

Seus admiradores
Celebram seus louvores,
Emocionados por sua beleza
São estes exelentes
Em verso ou mesmo em prosa.
Ao escutar os seus propósitos,
Regozija-se o que jamais ouvira,
Como o amante apaixonado
Pela bela Nou´m,
Assim que se pronuncia diante dele
O nome de sua amada.

Alguns me disseram :
Ao beber esse Vinho,
Cometeste iniquidade !
Isto não é verdade,
Pois iniquidade teria eu cometido
Ao privar-me de bebê-lo !

Que esta bebida
Alegre o coração
Dos habitantes do monastério !
A que embriaguez se abandonaram !
Entretanto não o beberam,
Mas apenas alimentaram
Sua intenção em bebê-lo.

Sua embriaguez, eu a experimentei
Antes de minha puberdade.
Em mim, ela será para sempre,
Mesmo depois de terem os meus ossos
Tornado-se poeira

Tal Vinho, bebe-o puro,
Pois, ao querer misturá-lo
A um outro licor
Que não a saliva do Amado,
Aí cometerás um crime !

Ele te espera nas tavernas,
Descobre o seu esplendor.
Bebe-o ao som de músicas,
Pois com ele, a música
É como uma presente que se oferece

Jamais ele habitou
Onde vive a tristeza.
E jamais a tristeza permaneceu
Na casa onde as canções se fundem

Embriaguez de uma hora !
O tempo se torna teu escravo
Sempre submetido,
Ainda que tua vida se interrompa
no final desta hora.
A ti então, o poder !

Aquele que viveu neste mundo
Sem embriaguez,
É como se não tivesse vivido !
Aquele que não morre
Desta embriaguez
Faltou-lhe a coragem
Neste mundo onde passou.

Que ele chore então por si mesmo,
O homem que abriu mão de seu direito,
Durante a vida inteira,
Direito de beber deste Vinho,
Vinho que rejeitou.


fonte: http://users.urbi.com.br/naqsh/vinho.htm