Em memória
Bebemos
Antes mesmo da criação da videira
A taça que
é um disco lunar brilhante
Um crescente luminoso,
Um mordomo
Com que luminosidade resplandece,
Já que no
Se misturam as estrelas !
Sem
Um precioso perfume de musque
Eu jamais teria encontrado
que conduz às suas tavernas.
Sem a luz que indica
Sua presença ao longe,
Sua imagem jamais teria
Nascido em meu espírito.
Pois neste século,
Sobrou dele apenas
um ligeiro sopro.
Como se no fundo dos corações
Um pacto secreto
Tivesse encerrado sua lembrança.
Então, apenas na tribo
Seu nome é mencionado,
Pois que uma embriaguez
Toma conta de seu povo.
Embriaguez sem vergonha
E sem pecado.
Por entre os flancos de uma ânfora
Lentamente ele subiu.
E logo, seu nome apenas
Permanece, em verdade,
Para
Tal lembrança
Visita , um dia
E por isso nesse alguém
A alegria passa a residir,
E a tristeza cela seu cavalo
Para ir-se embora, em longa viagem.
Os convidados descobrem
A tampa que fecha os vasos
Que
Só esta visão já basta
Para inebriá-los
Antes mesmo de provar
A bebida.
Este
Sobre
Onde um morto se enterra :
E tão logo
Levanta-se transbordante de vida.
Não se abandona um doente
Em seu terreno sombrio
Onde crecerá sua videira
Quando
Assim que se aproxima
De suas tavernas,
Volta a caminhar.
Os mudos falam,
Quando se fala
diante deles
da sabor desse
Assim que no Oriente
Sopra a brisa
Que traz
No Ocidente,
Aquele que é privado de sua fragrância
Pode sentí-la
ainda outra vez.
Se, de dentro da taça
Uma gota respinga
Caindo sobre a palma da mão
Daquele que a segura,
Ele jamais se perderá
Caminhando pelas trevas
Pois em sua mão resplandecerá
Uma estrela.
Tal
A um cego de nascença :
E no dia seguinte, em plena alvorada
Ele se levanta, tendo recuperado a visão.
Quando se torna claro
Já logo recupera
Aquele que é surdo.
Um tropel de cavaleiros
Ao trotar por sobre a terra
Onde cresce sua videira,
Jamais levaria no casco de seus cavalos
Qualquer resquício verminoso.
Um mago desenhou
Na testa de um possuído
As letras que formam seu nome
Tal nome está bordado
No estandarte de um exército,
E todo
Na sombra desta bandeira
É conduzido pela embriaguez
Ele educa seus convidados
E por eles,
Adota
Das fortes resoluções
Ele sucita a generosidade
Na alma daquele
Cuja mão sempre ignorou doação
Ele ensina a doçura
Àquele que jamais a conheceu
Em seu momento mais colérico.
Tem
A borda da taça,
Apenas este beijo
Permite-lhe saber
Dizem-me :
Descreva-
Já que conheces tão bem
suas qualidades.
Sim, eu
Pois suas qualidades
Conheço-as perfeitamente.
Pureza !
Mas não a da água.
Sutileza !
Mas não a
Luminosidade !
Mas não a
Alma carnal,
Sem corpo de carne.
Suas palavras precederam
Tudo
Quando nesse mundo
Faltavam a forma e a imagem
Por ele constituíram-se
Todas as coisas ;
Em seguida,
Por um certo saber, esconderam-se
Diante dos olhos que não compreendem.
Minha alma amou-
Eles se misturaram
Para unirem-se
Mas não como uma simples
Mistura de duas matérias
Esse
De uma Vinha :
Adão é para mim um pai.
Vinha que não dá
Sua mãe é para mim uma mãe.
A pureza das taças
Contém na verdade
A pureza
E cujo significado aparece
Através Dele.
A separação veio
Mas
Nossas almas são
E nossa forma a videira.
Antes dele, não há antes ;
Depois dele, não há depois.
Sua necessária condição
É ser anterior
Ao mais recuado dos tempos.
Seu tempo
Precedeu
Veio apenas depois
Nossos pai viveu muito depois dele,
Como um órfão.
Seus admiradores
Celebram seus louvores,
Emocionados por sua beleza
São estes exelentes
Em verso ou mesmo em prosa.
Ao escutar os seus propósitos,
Regozija-se
Como
Pela bela Nou´m,
Assim que se pronuncia diante dele
Alguns me disseram :
Ao beber esse
Cometeste iniquidade !
Isto não é verdade,
Pois iniquidade teria eu cometido
Ao privar-me de bebê-lo !
Que esta bebida
Alegre
Dos habitantes
A que embriaguez se abandonaram !
Entretanto não
Mas apenas alimentaram
Sua intenção em bebê-lo.
Sua embriaguez, eu a experimentei
Antes de minha puberdade.
Em mim, ela será para sempre,
Mesmo depois de terem os meus ossos
Tornado-se poeira
Tal
Pois, ao querer misturá-lo
A um outro licor
Que não a saliva
Aí cometerás um crime !
Ele te espera nas tavernas,
Descobre
Bebe-
Pois com ele, a música
É como uma presente que se oferece
Jamais ele habitou
Onde vive a tristeza.
E jamais a tristeza permaneceu
Na casa onde as canções se fundem
Embriaguez de uma hora !
Sempre submetido,
Ainda que tua vida se interrompa
no final desta hora.
A ti então,
Aquele que viveu neste mundo
Sem embriaguez,
É como se não tivesse vivido !
Aquele que não morre
Desta embriaguez
Faltou-lhe a coragem
Neste mundo onde passou.
Que ele chore então por si mesmo,
Durante a vida inteira,
Direito de beber deste
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