A única maneira do homem progredir é cumprir os deveres com os mais próximos, e deste modo ir acumulando forças para poder ir mais alto. Um jovem sannyasin foi a um bosque; ali meditou, adorou e praticou yoga por muito tempo. Depois de alguns anos de rude trabalho, achando-se um dia sentado sob uma árvore, caíram sobre sua cabeça umas folhas secas. Olhou para cima e avistou um corvo e uma gralha que discutiam no alto da árvore.
Muito contrariado, lhes disse: "Como vos atreveis a atirar estas folhas secas sobre a minha cabeça?", e como ao pronunciar estas palavras os olhou colérico, de sua cabeça saiu um raio de fogo que converteu os pássaros em cinza. Sentiu-se então muito feliz pelo desenvolvimento desse poder; podia fulminar um corvo e uma gralha só com um olhar. Passado algum tempo, precisou ir à cidade mendigar pão. Chegou à porta de uma casa e disse: "Mãe, dá-me de comer?" Ao que respondeu uma voz: "Espera um pouco, filho meu". O jovem pensou: "Desgraçada mulher, como vos atreveis a fazerme esperar? Ainda não conheceis meu poder". Enquanto pensava isto, ouviu-se de novo a voz que dizia: "Menino, não vos envaideçais tanto, pois aqui não há corvos nem gralhas".
O sannyasin, todo assombrado, ficou esperando. Por fim, apareceu uma mulher, e ele, caindo a seus pés, lhe disse: "Mãe, como sabias isto?" E ela respondeu: "Filho meu, eu não conheço vossa yoga nem vossas práticas. Sou uma mulher vulgar. Fi-lo esperar porque meu marido está doente e o estava atendendo. Toda a minha vida me esforcei por cumprir meu dever. Quando era solteira, cumpria meus deveres para com os meus pais; agora, que sou casada, cumpro meus deveres como esposa; esta é toda a yoga que pratico.
Muito contrariado, lhes disse: "Como vos atreveis a atirar estas folhas secas sobre a minha cabeça?", e como ao pronunciar estas palavras os olhou colérico, de sua cabeça saiu um raio de fogo que converteu os pássaros em cinza. Sentiu-se então muito feliz pelo desenvolvimento desse poder; podia fulminar um corvo e uma gralha só com um olhar. Passado algum tempo, precisou ir à cidade mendigar pão. Chegou à porta de uma casa e disse: "Mãe, dá-me de comer?" Ao que respondeu uma voz: "Espera um pouco, filho meu". O jovem pensou: "Desgraçada mulher, como vos atreveis a fazerme esperar? Ainda não conheceis meu poder". Enquanto pensava isto, ouviu-se de novo a voz que dizia: "Menino, não vos envaideçais tanto, pois aqui não há corvos nem gralhas".
O sannyasin, todo assombrado, ficou esperando. Por fim, apareceu uma mulher, e ele, caindo a seus pés, lhe disse: "Mãe, como sabias isto?" E ela respondeu: "Filho meu, eu não conheço vossa yoga nem vossas práticas. Sou uma mulher vulgar. Fi-lo esperar porque meu marido está doente e o estava atendendo. Toda a minha vida me esforcei por cumprir meu dever. Quando era solteira, cumpria meus deveres para com os meus pais; agora, que sou casada, cumpro meus deveres como esposa; esta é toda a yoga que pratico.
Todavia, cumprindo o meu dever, cheguei a ser iluminada; por isto posso ler vossos pensamentos e saber o que haveis feito no bosque. Se quereis saber algo de mais elevado, ide ao mercado da cidade e ali encontrareis um vyadha (4), que vos ensinará algo que devereis saber".
O sannyasin pensou: "Para que hei de ir a esta cidade para ver um vyadha?" Mas depois resolveu ir. Quando chegou à cidade, encontrou um mercado a certa distância e viu um carniceiro grande e gordo que cortava a carne com uma enorme faca, falando e comerciando com várias pessoas. O jovem disse: "Valha-me, Senhor. É este o homem de quem tenho de aprender? Parece a encarnação do demônio". O homem o olhou e disse: "Olá, swami! Fostes mandado aqui por aquela senhora? Sentai-vos um pouco até que eu termine minhas obrigações". O sannyasin pensou: "O que irá me acontecer?" Sentou-se. O homem continuou seu trabalho, e uma vez terminado, pegou o dinheiro e disse ao sannyasin: "Vinde, Senhor; vinde à minha casa". Quando chegaram, ele lhe ofereceu um assento e lhe disse: "Esperai-me aqui", e foi para o interior da casa. Aí, lavou seus velhos pais, deu-lhes de comer e fez tudo quanto foi possível por agradá-los, depois do que se voltou para o sannyasin e perguntou: "Que posso eu fazer por vós?" O sannyasin lhe fez algumas perguntas relativas à alma e a Deus, e o vyadha lhe deu para ler um fragmento do Mahabarata chamado o Vyadha Gita, que contém um dos mais belos ensinos da Vedanta.
O sannyasin pensou: "Para que hei de ir a esta cidade para ver um vyadha?" Mas depois resolveu ir. Quando chegou à cidade, encontrou um mercado a certa distância e viu um carniceiro grande e gordo que cortava a carne com uma enorme faca, falando e comerciando com várias pessoas. O jovem disse: "Valha-me, Senhor. É este o homem de quem tenho de aprender? Parece a encarnação do demônio". O homem o olhou e disse: "Olá, swami! Fostes mandado aqui por aquela senhora? Sentai-vos um pouco até que eu termine minhas obrigações". O sannyasin pensou: "O que irá me acontecer?" Sentou-se. O homem continuou seu trabalho, e uma vez terminado, pegou o dinheiro e disse ao sannyasin: "Vinde, Senhor; vinde à minha casa". Quando chegaram, ele lhe ofereceu um assento e lhe disse: "Esperai-me aqui", e foi para o interior da casa. Aí, lavou seus velhos pais, deu-lhes de comer e fez tudo quanto foi possível por agradá-los, depois do que se voltou para o sannyasin e perguntou: "Que posso eu fazer por vós?" O sannyasin lhe fez algumas perguntas relativas à alma e a Deus, e o vyadha lhe deu para ler um fragmento do Mahabarata chamado o Vyadha Gita, que contém um dos mais belos ensinos da Vedanta.
Quando o vyadha terminou seu ensinamento, o sannvasin ficou assombrado. Então lhe perguntou: "Com um conhecimento corno o vosso, como é que estais no corpo de um vyadha cumprindo tão horrível trabalho?" "Filho meu", replicou o vyadha, "nenhum dever é feio, nenhum impuro. Meu nascimento me colocou neste ambiente. Em minha infância aprendi o comércio; estou desligado e trato de cumprir o meu dever. Procuro cumpri-lo como chefe de família, e também fazendo todo o possível por tornar felizes meus pais. Não conheço vossa yoga, nem sou sannyasin, nem abandono o mundo para ir aos bosques; no entanto, tudo o que tendes visto e ouvido, é o que recebo, por cumprir ,desligadamente o meu dever; é o que corresponde à minha posição".
Conheço na Índia um Sábio, um grande yogue, um dos homens mais assombrosos que vi em minha vida. É original; não ensina ninguém; se lhe fazeis uma pergunta, não responde, pois não quer assumir a atitude de mestre; porém, se esperais alguns dias, no curso de uma conversação fará que esta recaia sobre o assunto e projetará sobre ela irmã luz maravilhosa. Comunicou-me uma vez o segredo da ação: "Que o fim e os meios se associam". Quando fizerdes qualquer trabalho, não penseis em outra coisa. Leva-lo ao fim, como um ato de adoração, como se cumprísseis o mais elevado culto, e concentrai nele toda vossa vida.
Conheço na Índia um Sábio, um grande yogue, um dos homens mais assombrosos que vi em minha vida. É original; não ensina ninguém; se lhe fazeis uma pergunta, não responde, pois não quer assumir a atitude de mestre; porém, se esperais alguns dias, no curso de uma conversação fará que esta recaia sobre o assunto e projetará sobre ela irmã luz maravilhosa. Comunicou-me uma vez o segredo da ação: "Que o fim e os meios se associam". Quando fizerdes qualquer trabalho, não penseis em outra coisa. Leva-lo ao fim, como um ato de adoração, como se cumprísseis o mais elevado culto, e concentrai nele toda vossa vida.
Assim, no conto que acabo de referir, o vyadha e a mulher cumpriram seu dever com alegria ' e boa vontade, resultando da a conquista da iluminação. Isto demonstra claramente que a reta execução dos deveres em qualquer esfera da vida, sem pensar nos resultados, conduz à mais alta realização da perfeição da alma.
O trabalhador que se liga aos resultados é o que se queixa da natureza do dever que lhes coube pelo destino. Para o trabalhador desligado, todos os deveres são igualmente bons e constituem eficazes instrumentos para destruir o egoísmo e a sensualidade, e também para assegurar a independência da alma.
É comum superestimarmos nossos méritos. Nosso deveres são proporção muito maior do que estamos dispostos a confessar. A competição desperta a inveja e mata a vontade. Para os descontentes, os deveres se tornam desagradáveis; nada os satisfaz e sua vida redunda num fracasso. Continuemos trabalhando, cumprindo o nosso dever, à medida que vamos avançando, e então, com segurança, conseguiremos ver a Luz!
Swami Vivekananda
O trabalhador que se liga aos resultados é o que se queixa da natureza do dever que lhes coube pelo destino. Para o trabalhador desligado, todos os deveres são igualmente bons e constituem eficazes instrumentos para destruir o egoísmo e a sensualidade, e também para assegurar a independência da alma.
É comum superestimarmos nossos méritos. Nosso deveres são proporção muito maior do que estamos dispostos a confessar. A competição desperta a inveja e mata a vontade. Para os descontentes, os deveres se tornam desagradáveis; nada os satisfaz e sua vida redunda num fracasso. Continuemos trabalhando, cumprindo o nosso dever, à medida que vamos avançando, e então, com segurança, conseguiremos ver a Luz!
Swami Vivekananda
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