Esse site tem o objetivo de relatar todo o conhecimento sobre o homem e Deus.Como fazer para crescer espiritualmente,ser uma pessoa melhor, mais sábia. Desde materiais,mensagens e grandes homens que marcaram o mundo com sua luz. Esse site despretensioso tem a finalidade de que possa ser útil para ir em busca do autoconhecimento e despertar da consciência, acordar do sonho físico que nos limita tanto.Despertar do sono para podermos encontrar a alma, o Deus que habita o interior de cada ser.

Arquivo do blog

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Palestra de Paramahamsa Prajñanananda
12 de julho de 2003. Centro Mãe, Flórida.




Há quinhentos anos atrás, viveu na India uma jovem poeta santa, chamada Mira, nascida em uma família real. Quando criança, ela recebeu de alguns monges a estátua de Krishna, que foi para ela muito mais do que uma estátua. Era alguém que ela amava, e que então tomou vida. A menina falava e cantava para a estátua, e escreveu centenas de canções. Ela levava uma vida realmente espiritual. Em uma das canções, a favorita de Gurudev, ela escreveu:


sadhana karana chahi re manua bhajan karana chahi re
Oh my mind, practice the path of spiritual discipline.

Oh alma minha, pratique o caminho da disciplina espiritual.


Disciplina Espiritual



A disciplina espiritual é para a alma, não para o corpo. Mesmo quando disciplinamos o corpo, o objetivo é disciplinarmos a mente, treinar a alma. A alma é a causa dos sofrimentos, da alegria, do prazer e da libertação.



Como está sua alma?, ela diz. Oh minha alma, siga o caminho da disciplina, da prática espiritual; bhajan karana chahi. Em seguida, ela diz:




prema lagana chahi re manua prita karna chahi re



Você só conseguirá através do amor. Que todo este amor seja dedicado ao nosso Criador. Se você tivesse ouvido Baba cantar em um de seus aniversários,


dhae jena mor shakal bhalo basa prabhu tomar pane tomar pane


Esta é uma canção de Tagore. Permita que todo o meu amor seja para ti, oh Deus.


Nós vivemos para o mundo, mas a nossa mente está sempre dividida. Ao fazemos alguma coisa, imediatamente outros pensamentos chegam, interrompendo nossas atividades. A vida está dividida. Mas se o fluxo do rio não seguir na mesma direção, não chegaremos ao destino. Se a mente não está focada, de forma concentrada, não seremos bem sucedidos. Então nosso amor, mesmo voltado para este mundo, está sempre dividido: vida divida, mente dividida, personalidade e amor divididos.


Mas como podemos amar completamente, de forma que tudo o que fizermos seja sempre feito com amor? Para crescermos com amor, devemos controlar o nosso ego. Onde houver ego, não haverá amor. Onde houver amor, não haverá distâncias, diferença ou conflitos. O amor traz a unidade, a amizade e a união. o ego traz a divisão, a diversidade e as demais dificuldades.


sadhana karana chahi re manua bhajan karana chahi re

prema lagana chahi re manua prita karna chahi re


Há um ótimo livro, Narada Bhakti Sutra – aforismos do amor divino onde Narada, com muita beleza, nos descreve as formas de se crescer através do amor. O caminho do amor está nas escrituras, em especial no Bhagavatam e no Ramayana; há uma bela descrição de como se cultiva o amor. No Ramacharita Manasa, quando Lord Rama fala sobre o amor divino com Sabari, uma jovem da tribo, ele diz:



prathama bhagati santana kara sanga



O Amor Chega a você Primeiramente Através de Boas Companhias



O amor chegará a você primeiramente através de boas companhias, porque com boas companhias, você terá bons exemplos. Através de um modelo, a sua vida estará mais bem sintonizada no caminho do bem. Mas nós vivemos em um mundo, em uma sociedade onde encontrar boa companhia não é muito fácil. Mas aqueles que forem sinceros, e que realmente tentarem, encontrarão.


Prema lagana chahi re manua prita karna chahi re; algumas pessoas, em nome da espiritualidade, ocupam-se com as aparências, ao invés de transformarem-se interiormente. Conseguimos uma boa apresentação mudando o modo de vestir, melhorando a aparência e o nosso discurso. Fingimos ser bons e espirituais, mas e se interrogarmos a nossa própria consciência? Como andam os meus pensamentos? Como têm sido as minhas ações e as minhas reações? Como tenho vivido? Como está a minha qualidade de vida? Se formos honestos, veremos que existe dualidade, mas lembre-se de que na vida espiritual não deve haver dualidade, apenas unidade. Se queremos ser um com Deus, não pode haver duplicidade, nem hipocrisia.

Adoração de imagens


Continuemos com a canção de Mira: o povo vai ao templo, mas o que vemos no templo? Pathar puje hari mile to me puju pahad; ela vê a si mesma segurando uma imagem, e adorando essa imagem. No entanto, ela diz, se ao adorar esta estátua de pedra, chegarmos a Deus, adorarei uma montanha, pois é uma grande pedra. Ela faz o mesmo, mas critica a adoração nos templos. Só que para ela, a estátua de Krishna não é uma estátua.



Vivekananda não acreditava na adoração de imagens, mas com o tempo passou a crer que Deus está em toda parte. Uma vez, ele foi convidado a visitar um rei na India. O rei acreditava em um Deus sem forma. Disse que Deus era onipresente e sem forma, e achava que aqueles que adoravam imagens perdiam o seu tempo no templo, praticando rituais. O rei discorreu longamente sobre o Deus absoluto e sem forma, e Vivekananda ouviu silenciosamente e apenas sorria respeitosamente. Na corte do rei, havia um grande retrato do seu pai, em trajes reais e com uma grande coroa na cabeça. Swami Vivekananda perguntou a um dos ministros de quem era aquele retrato. O ministro explicou que era o antecessor do Rei. Vivekananda pegou então o retrato cuspiu e pisou nele. O ministro ficou horrorizado. O rosto do rei ficou vermelho, e pensou então que mesmo sendo um monge, mesmo sendo um convidado, era muita grande audácia insultar seu pai dessa maneira.


Vivekananda olhou para o rei e perguntou educadamente por que seu rosto mudou de cor, e porque ele estava irritado. O rei criticou a conduta de Vivekananda. Mas Vivekananda perguntou qual teria sido a sua má conduta. Pois aquela era apenas uma tela com tintas coloridas, porque então o rei estaria tão apegado a ela? Porque qualquer coisa relacionada àquela tela poderia causar tanto tumulto? O rei estava em silêncio. Vivekananda prosseguiu, lembrando o rei de que, ao olhar para o retrato, ele lembrava-se do seu pai, de sua herança e do seu amor.

Que então essa simples tela e algumas cores tinham o poder de gerar tanto amor, respeito e adoração por seu pai. Da mesma forma, se alguém sentir amor por Deus ao olhar para um retrato ou para uma estátua, quem seria ele para criticar?


Quando Mira diz, partha puje hari mile to me puju pahad, na primeira linha o que diz é “com amor.” prema lagana chahi re tudo que fizer, deixe que o amor esteja em tudo isso. Quando você lê um livro, lê com amor? Ao cuidar de um jardim, você faz com amor? Ao preparar uma refeição, prepara com amor? No escritório, você trabalha com amor? Ou acha que o trabalho é uma carga ou responsabilidade, uma obrigação, e esquece o espírito do amor? Como viver com amor, momento a momento, em cada respiração? Sempre esperamos para amar só quando tudo estiver bem. Mas você nunca terá essa oportunidade. Nunca, nunca, nunca. Nunca chegará esse momento, em que você poderá dizer que tudo está pronto, e que agora será o momento de viver para Deus, para as coisas boas. Não.



Pathar puje hari mile to me puju pahad tulsi puje hari mile to me puju tulsi jhad


Muitas pessoas na India veneram plantas sagradas. Mira nos conta que, se ao adorar essas plantas, puder chegar a Deus, fará uma floresta inteira, e assim chegará a Deus. Tudo o que você fizer, se não houver amor, será apenas mecânico.



Na antiguidade, as pessoas carregavam água do Ganges, ao norte da India, até o templo de Rameshwara Shiva, ao sul da India, e usavam esta água como oferenda. Até hoje, se você for à India entre julho e agosto, verá milhares de pessoas, homens e mulheres, carregando água nos ombros, cantando para Deus e andando centenas de quilômetros. Certa vez, um monge seguia com um grupo de pessoas, nesta jornada até o templo de Rameshwara. Já estava bem perto, faltava pouco mais de um quilômetro, mas era verão e estava muito quente. Seu burro estava sedento, e não havia água nas proximidades.


O burro sofria tremendamente, buscando por água no fundo do coração. Então esse homem sagrado, ao invés de carregar a água até o templo, desceu e derramou a água na boca do asno. Os outros então perguntaram: o que você está fazendo? Andamos milhares de quilômetros carregando essa água, e o templo está há apenas um quilômetro. Por que desperdiçou todo o esforço? Mas ele não deu atenção aos outros, e pediu que partissem. Para a grande surpresa deles, ao chegarem ao templo, encontraram o seu companheiro, que tinha ficado para trás, já no templo, derramando água em Lord Shiva e orando a Deus. Eles estavam muito surpresos. Como ele poderia ter chegado antes deles?



Quanto amor nós temos? Nós realmente acreditamos em Deus? Nós realmente tentamos amar a Deus, ao menos um pouco? Crer em Deus é apenas saber que ele é onipresente na teoria, esquecendo que ao vemos uma pessoa, Deus está presente nessa pessoa? Eu posso não gostar de alguém, mas Deus também está nesse alguém. Vendo uma flor, eu vejo a presença de Deus? Deus está nessa flor também. Vendo as aves, vejo que Deus está nessas aves também? Então tente cultivar o amor a cada momento. Lembre-se de que seguir o caminho do amor é realmente difícil. O caminho espiritual, em si, é difícil, mas caso você aceite, terá dado alguns passos à frente.



Caminhando na beira da navalha



Alguns mestres espirituais dizem freqüentemente: não será nada fácil, porque então você veio? No Upanishad está escrito: você deverá andar na beira da navalha. Qualquer descuido pode trazer muitos problemas. Você acha que a vida espiritual é uma vida de rosas, de luxúria e conforto? Não. A vida como monge ou num asham não é nada fácil.

Uma vez eu estava de pé em uma estação de trem, alguns monges e discípulos também estavam lá. Um jovem aproximou-se de mim e curvou-se. Orei a Deus, e então ele me disse, “Quero viver em um ashram.” Perguntei a ele qual era seu nome, e ele me respondeu. Então perguntei, “o que você tem feito?” “Estou cursando mestrado em Física”. “Por que você quer viver em um ashram?” “Porque acredito que seja bom.” Então perguntei, “você já esteve em algum ashram?” “Sim, estive em um ashram com a minha avó, em Mayapur em Bengala, próximo ao local de nascimento de Sri Chaitanya. Estive lá e foi muito bom.” “Que coisas boas você viu?” “As pessoas eram muito boas, cantavam e entoavam cantos devocionais, a comida também era muito boa.” Então perguntei, “isso foi tudo o que viu, ou também viu mais alguma coisa?” “Foi tudo o que vi.” Então eu disse, “Você apenas viu o exterior. Você não viu o interior. Viu apenas que a comida é boa, e que as pessoas são boas, mas não viu o interior. Um ashram é um lugar muito difícil. Você sabe que terá que fazer muito trabalho de monge? Você vai achar que está numa prisão, num campo de concentração. Vai achar que estão torturando e explorando você. Vai achar que lá não existe amor. Lembre-se, o caminho é bom, mas difícil de ser percorrido.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário