Sri Sarada Devi
Esposa espiritual de Sri Ramakrishna, Saradadevi é conhecida por milhões de devotos como "Santa Mãe". Santa Mãe nasceu em Jayrambati, um vilarejo perto de Calcutá, em dezembro de 1853. Quando ela tinha 5 anos, casou-se com Sri Ramakrishna. Sarada teve a oportunidade de morar com Sri Ramakrishna por volta de 1867, muito depois de casamento. O casamento dela era totalmente diferente do o que nós entendemos do casamento. A vida da Sarada foi uma longa estória de pureza absoluta. Um dia Sri Ramakrishna lhe perguntou: "Você veio para me amarrar para o mundo?" Sarada respondeu: "Por quê eu vou lhe amarrar para o mundo? O que você quer, Deus, eu também quero."
Sri Ramakrishna tomou-a sob Seus cuidados e, gradativamente, carinhosamente, impartiu-lhe profundo conhecimento do caráter humano, ensinando-a como viver no espírito de completa resignação a Deus.
Ele, literalmente, adorou-a como a Divina Mãe. Afirmando que ela e a Mãe Divina Kali do templo eram uma só, despertou nela o sentido de maternidade a todas as criaturas. O relato de sua vida simples, austera, auto-apagada e maternalmente amante de todos, é realmente ímpar e ultrapassa todos os exemplos.
Sua vida foi uma longa quietude de oração e de singular devoção.
Com transbordante afeto, a Santa Mãe era o consolo infalível a todo coração amargurado que buscava refúgio em Seus santos pés, paz eterna e liberação das ansiedades e tribulações da vida do mundo. Homens e mulheres que se aproximavam dela para serem desafogados da extrema tensão de suas almas aflitas, tornavam-se recipientes de suas bênçãos imortais e de doces palavras de amor e sabedoria que acalmavam as dores pungentes de seus corações. Sua vida foi a síntese perfeita dos supremos ideais de Jnana, Bhakti e Karma, raramente encontrados, em tão harmoniosa união, em qualquer parte do mundo. Em sua vida de pura simplicidade, pureza, piedade e dedicação, o hindu atual descobriu a perfeição do ideal da feminilidade, que tanto tem solidificado sua cultura. Ela era única em ser a esposa dedicada, a perfeita Sannyasini, a mãe afetuosa, mestra e preceptora. A Santa Mãe entrou em Mahasamadhi a 20 de julho de1920, em Calcutá.
Ensinamentos
¤ Deve-se trabalhar sempre. É só através do trabalho que se consegue remover a escravidão às ações, e não evitando o trabalho. O desapego total vem mais tarde. Não se pode existir, mesmo que por um momento, sem trabalho.
¤ (Para uma pessoa que displicentemente largou de lado a vassoura depois de ter varrido o pátio) “O que é isto? Você joga fora a vassoura, com este desrespeito, depois de ter terminado sua tarefa. O mesmo tempo que se gasta para atirá-la de lado, gasta-se para colocá-la gentilmente no seu canto. Não se deve tratar aos objetos com menosprezo, ainda que possam ser insignificantes. Você vai precisar novamente daquela vassoura? Mesmo uma tarefa insignificante deve ser executada com respeito.
¤ Devemos ser pacientes com tudo, porque tudo o que obtemos de positivo é determinado pelas ações. Além disso, as ações são anuladas por outras ações.
¤ Discípulo : "Podem mesmo, ações anularem outras ações?"
Santa Mãe: "Por que não? Se você conclui uma boa ação, esta neutralizará sua má ação passada. Os pecados do passado podem ser anulados pela meditação, japa e por pensamentos espirituais."
¤ Quantos há que conseguem meditar e praticar japa todo o tempo? A princípio praticam estas disciplinas com seriedade, mas suas cabeças se tornam irritadas mais cedo ou mais tarde, por estarem muito tempo em seus tapetes de oração. Tornam-se muito vaidosos. Também sofrem aflições mentais devido a estarem refletindo sobre diferentes idéias ao mesmo tempo. É muito melhor trabalhar que permitir a mente vagar a esmo. Enquanto a mente consegue um espaço livre para vaguear, muita confusão é criada. Meu Naren (Swami Vivekananda) pensou sobre tudo isto e sabiamente fundou instituições onde as pessoas podiam fazer trabalho desinteressado.
¤ Fora de dúvida, você deve cumprir com suas responsabilidades. Isto mantém a mente em boa condição. Mas também é muito necessário praticar japa, meditação e oração. Deve-se praticar estas disciplinas ao menos pela manhã e ao anoitecer. Tal prática é como o leme da barca.
¤ Os chefes de família não necessitam da renúncia externa. Eles obterão espontaneamente a renúncia interna. Mas algumas pessoas necessitam da renúncia externa.
¤ Por que temer? Entregue-se a Sri Ramakrishna e recorde-se sempre que Ele o está amparando.
¤ É verdade que Ele faz tudo, mas pouquíssimos sentem assim. Estando enlouquecidas pelo orgulho, as pessoas pensam que são elas que estão fazendo tudo e que não dependem Dele. Deus protege àqueles que dependem Dele de todos os perigos.
¤ Tal é a fascinação do dinheiro que se você se envolver demais nisto, se sentirá atraído por ele. Você pode pensar que está acima do dinheiro e que jamais se sentirá atraído por ele, uma vez que já o tenha renunciado. Não, meu filho, nunca abrigue este pensamento em sua mente. Através de uma pequeníssima brecha ele entrará em sua mente e o estrangulará imperceptivelmente.
¤ O rico deveria servir a Deus e a seus devotos com dinheiro; e o pobre deveria adorar a Deus pela repetição do Seu nome.
¤ A mente é tudo. É apenas na mente onde nos sentimos puros ou impuros. As pessoas, antes de mais nada, devem assumir suas próprias culpas e somente depois disto podem olhar para a culpa dos outros. Pode algo realmente se produzir nos outros se você enumera as suas faltas? Isto apenas o prejudica. Esta tem sido a minha atitude. Por conseguinte eu não posso criticar aos outros. Se alguém age frivolamente para comigo, tento me recordar daquela pessoa apesar disto. Criticar aos outros! Jamais se deve fazer isto. O perdão é de fato tapasya—austeridade espiritual.
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