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sexta-feira, 3 de abril de 2009

A MORTE NÃO O PODIA TOCAR























Trailanga Swami *1601? +1881?

Láhiri Mahásaya tinha um amigo famoso, Swâmi Trailanga, a quem se atribuíam mais de trezentos anos de idade. Os dois iogues freqüentemente se sentavam juntos para meditar. A fama de Trailanga tão amplamente se difundiu que poucos indianos negariam autenticidade a qualquer relato de seus espantosos milagres. Se Cristo retornasse à terra e caminhasse pelas ruas de Nova York, exibindo seus poderes divinos, causaria entre o povo o mesmo medo reverente que Trailanga provocava, há décadas atrás, ao passar entre a multidão nas ruas de Benares. Ele foi um dos síddhas (seres que se fizeram perfeitos), os quais deram à índia alicerces de cimento contra as erosões do tempo.

Em muitas ocasiões viu-se o swâmi beber, sem efeitos nocivos, os venenos mais mortíferos. Milhares de pessoas, inclusive algumas que ainda vivem, puderam ver Traílanga flutuar no Ganges. Durante dias seguidos, ele costumava sentar-se em cima da água; ou, durante períodos muito longos, escondia-se sob as ondas. Um espetáculo comum no Ghat Maníkarnika era o corpo imóvel do swâmi sobre as lajes abra sadoras, inteiramente exposto ao sol impiedoso da índia.

Através destes feitos, Traílanga procurou ensinar a todos que a vida humana não depende de oxigênio nem de certas condições e precauções. Estivesse o corpo do grande mestre acima ou abaixo da água, desafiasse ou não seu corpo os inclementes raios solares, ele provava que vivia da consciência divina: a Morte não o podia tocar.

Este iogue não foi grande apenas espiritualmente; possuía também um físico avantajado. Seu peso ultrapassava as trezentas libras (136 quilos): uma libra para cada ano de sua vida! Como raramente ele comia, o mistério aumentava. Um mestre, contudo, facilmente ignora todas as regras comuns de saúde, quando assim deseja proceder por alguma razão especial, muitas vezes só dele conhecida.

Grandes santos, que despertaram do sonho cósmico de máya e chegaram à realização de que este mundo é uma idéia na Mente Divina, podem fazer o que bem entenderem com o corpo, pois sabem que não passa de uma forma manipulável de energia condensada. Embora, hoje, os cientistas compreendam que a matéria nada mais é que energia congelada, há muito tempo os mestres iluminados passaram vitoriosamente da teoria à prática, no campo do domínio sobre a matéria.

Trailanga permanecia sempre completamente nu. A polícia de Benares, atormentada, passou a considerá -lo uma desconcertante criança-problema. O swâmi, natural como o primitivo Adão no jardim do Éden, era inconsciente de sua nudez. A polícia, ao contrário, tinha plena consciência daquela nudez; e o trancava na prisão, sem cerimônia. Seguia -se um enleio geral; o enorme corpo de Trailanga era logo visto, em toda sua ausência habitual de vestuário, sobre o telhado da cadeia. Sua cela, ainda seguramente trancada, nenhuma chave oferecia ao enigma de sua evasão.

Agentes da lei, desanimados, cumpriam novamente seu dever. Desta vez, colocavam um guarda em frente à cela do swâmi. De novo, a Força curvava-se ante o Direito: logo se podia avistar o grande mestre em seu despreocupado passeio sobre o telhado.

A Deusa da Justiça usa uma venda nos olhos; a polícia burlada decidiu seguir-lhe o exemplo, no caso de Trailanga.

O grande iogue tinha por hábito manter silêncio . A despeito de um rosto gorducho e de um estômago do tamanho de um barril, Trailanga comia apenas ocasionalmente. Após semanas sem se alimentar, ele quebrava o jejum com caldeirões de leite coalhado que os devotos lhe ofereciam. Um céptico decidiu, certa vez, provar que Trailanga era um charlatão. Colocou, em frente ao swâmi, um grande balde com uma mistura de óxido de cálcio, usada para branquear paredes.




























- Mestre -disse o materialista, com uma reverência de caçoada - eu lhe trouxe um pouco de leite coalhado. Beba-o, por favor, Sem hesitar, Trailanga sorveu, até a última gota, os litros de cal ardente. Em poucos minutos, o malfeitor caía ao solo, em agonia. - Salve-me, swâmi, salve-me! - gritava ele. - Estou em fogo! Perdoe-me pela maldade com que o submeti à prova!

O grande iogue quebrou seu silêncio habitual. - Você zombava disse ele - e, ao me oferecer veneno, não tinha consciência de que minha vida é una com a sua. Se não fosse o meu conhecimento de que Deus está em meu estômago, assim como está em cada átomo da criação, a cal me teria matado. Agora que você conhece o significado divino do bumerangue, nunca mais use de trapaça com os outros.

Débil ainda, o pecador curado pelas palavras de Trailanga retirou-se furtivamente.

A reversão da dor não resultou da vontade do mestre e, sim, da operação de uma lei de justiça que sustém até o mais longínquo corpo celeste em rotação no cosmo. Esta lei divina funciona instantaneamente para homens que alcançaram a realização de Deus, como Trailanga; eles aboliram para sempre todas as obstinadas contracorrentes do ego.

A fé nos ajustes automáticos da justiça (geralmente pagos em moeda inesperada, como no caso de Trailanga e de seu pretenso assassino) abranda nossa precipitada indignação contra a injustiça humana. “A vingança é minha; eu retribuirei, diz o Senhor”. Que necessidade há dos míseros recursos do homem? O universo trama a retribuição, pontualmente.

A mente obtusa não acredita na possibilidade da justiça divina, do amor, da onisciência, da imortalidade. “Ridículas superstições das Escrituras! “Homens com esta insensibilidade, irreverentes ante o espetáculo cósmico, provocam em suas vidas uma discordante sucessão de acontecimentos que por fim os compelirá a buscar a sabedoria.

Referiu-se Jesus à onipotência da lei espiritual, por ocasião de sua entrada triunfal em Jerusalém. Enquanto os discípulos e a multidão clamavam de alegria e proclamavam: “Paz nos céus e glória nas alturas”, certos fariseus queixavam-se do indigno espetáculo: - Mestre protestaram eles - repreende os teus discípulos.

Jesus, porém, respondeu que, se os discípulos fossem emudecidos, “as pedras imediatamente clamariam”. Nesta reprimenda aos fariseus, Cristo salientava que a justiça divina não é uma abstração figurativa e que o homem de paz, embora a língua lhe seja arrancada, ainda encontrará seu verbo e sua defesa nas pedras fundamentais da criação, nas próprias leis do universo.

“Pensais -dizia Jesus - silenciar os homens de paz? Pois esperais sufocar a voz de Deus, cuja glória e onipresença até as pedras cantam. Exigis que os homens não celebrem juntos sua ação de graças pela paz nos céus? Aconselhais que se reúnam em multidões e expressem sua unidade somente em ocasiões de guerra sobre a superfície terrestre? Então, preparai-vos, fariseus, para subverter os alicerces do mundo; pois os homens serenos, assim como as
pedras e a argila, e a água e o fogo e o ar se levantarão contra vós, para dar testemunho da harmonia divina que, existe na criação.”

Trailanga, iogue semelhante a Cristo, concedeu, uma vez, a meu sajo mama (tio materno) uma graça espiritual. Certa manhã, meu tio deparou com o mestre em meio a uma multidão de devotos no ghat de Benares. Deu um jeito de cortar caminho e aproximar-se de Trailanga, a fim de tocar humildemente os pés do iogue. E ficou assombrado ao se ver instantaneamente livre de uma dolorosa enfermidade crônica.



É mulher o único discípulo ainda vivo do grande iogue: Shânkari Mai Jiew. Filha de um dos discípulos de Trailanga, foi treinada pelo Swâmi, desde a primeira infância. Viveu durante quarenta anos numa série de cavernas solitárias no Himalaia, perto de Badrinath, Kedarnath, Amarnath e Pasupatinath, A bramachárini (asceta do sexo femi nino), nascida em 1826, já ultrapassou bastante o seu próprio centenário. Entretanto, não aparenta velhice, conservando
o cabelo negro, dentes brilhantes e uma energia admirável. Sai de sua reclusão periodicamente, para comparecer às melas ou concentrações religiosas.

Esta santa mulher visitava Láhiri Mahásaya, com freqüência; contou que, um dia, na zona de Barackpur, perto de Calcutá, enquanto estava sentada ao lado de Láhiri Mahásaya, o grande guru Bábají penetrou sem ruído na sala e conversou com ambos. - O mestre imortal usava uma tanga molhada - recorda ela - como se tivesse acabado de dar um mergulho no rio. Ele me abençoou com alguns conselhos espirituais.

Trailanga, em certa ocasião, em Benares, abandonou o silêncio costumeiro a fim de render pública homenagem a Láhiri Mahásaya. Um dos discípulos de Trailanga objetou: - Por que um swâmi e um homem, como o senhor, mostra tanto respeito a um chefe de família?

- Meu filho - replicou Trailanga - Láhiri Mahásaya é como um gatinho divino que permanece onde quer que a Mãe Cósmica o coloque. Enquanto representa o papel e cumpre os deveres de um homem do mundo, ele atingiu aquela realização de Deus que eu busquei pela renúncia de tudo - até de minha tanga!

Do livro de Paramahamsa Yogananda
AUTOBIOGRAFIA DE UM IOGUE CONTEMPORÂNEO

Um comentário:

  1. Eu fiz um upload do livro "Vivendo com os Mestres do Himalaia-Expêriencias Espirituais do Swami Rama" no 4shared. Aos interessados segue o link:
    http://www.4shared.com/office/ePukIniM/Vivendo_com_os_Mestres_do_Hima.html

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