SIGNIFICADO DO MANTRA OM POR SWAMI DAYANANDA
___________________________
Om é uma palavra muito bonita de uma sílaba. Na Kathopanishad é dito:
sarve veda yatpadamamananti tapamsi sarvani ca yadvadanti
yadicchanto brahmacarya caranti tatte padam sagrahena bravimyomityetat
Os Vedas falam sobre aquele objetivo: para conhecê-lo as pessoas entregam-se a uma vida de estudo e disciplina. Aquele, eu lhes direi resumidamente. Aquele é Om.\" Então, desejando isto, as pessoas entregam-se a uma vida estudiosa, contemplativa e disciplinada, sacrificando muito. E o que é isto? Om. Você não pode ser mais sucinto?
Significado lingüístico
Em sânscrito, o significado de Om é avati ou rakshati. Rakshati significa \"aquilo que protege, sustenta\". Portanto, aquilo que sustenta tudo é Om e o que sustenta tudo é o que nós podemos ver como a ordem. Podemos ir mais adiante; esta ordem é a realidade de tudo. A própria ordem é uma realidade. E então, a essência da própria ordem é Om. Isto significa que Om é o nome do Senhor que permeia o seu ser, que preserva tudo no mundo na forma de niyati, a forma da ordem que sustenta. Vamos ver como.
Quando dizemos que a ordem está por trás de tudo, isto não quer dizer \"atrás\" de alguma coisa que está aqui. É a própria coisa. Isto é um copo. O que o faz um copo? Qual é o material do copo? Por que ele aparece nessa forma particular? Por que ele não tem outra forma? Por que este material, aço inoxidável não enferruja? Por que outro aço enferruja - aquele que é ferro-gusa? Isto tudo é ordem e esta forma é conservada pela ordem. É a ordem que faz uma coisa como ela é. O fato de cadeira ser cadeira é por causa da ordem. Tudo que está aqui é permeado por esta ordem. Esta ordem é Íshvara.
O que você vê é o objeto e o fato de você poder ver é a ordem. No próprio objeto há ordem, por isso você não está buscando \"atrás\" do objeto para encontrar a ordem. Hoje isto é copo de aço, amanhã você poderá chamá-lo um copo de aço, portanto isso está em ordem. Se amanhã não for copo de aço, ainda assim estará em ordem. Isto também é visto. Hoje vemos a forma de uma flor, amanhã nós descobriremos que a flor se foi e há um fruto, isto também é ordem. Ordem significa a maneira como as coisas são como são. Tudo o que existe é mantido pela ordem chamada niyati. Este niyati é Ishvara, o Senhor.
sarvam omkarah eva yadbhutam yadbhavishyatam
\"O que aconteceu antes, o que existe agora e o que existirá mais tarde - tudo isso é Om\".
O ensinamento aqui é conectar aquele significado a esta palavra. Se o significado está em minha cabeça, quando levo esta visão para você, há então a transação total ou comunicação. Isto é ensinamento.
Uma palavra ou objeto, abhidhanam e seu significado abhidheyam são uma única e mesma coisa.
Quando eu peço a você para trazer um pote, você não escreve \"P - O - T - E\" e traz para mim. O nome e o objeto são idênticos, no sentido de que você não pode pensar na palavra sem pensar no significado. Se você não conhece o significado, então não é uma palavra - ela torna-se somente um grupo de sons. Um vez que você saiba que para este grupo de sons existe este significado, então, sem pensar no significado, você não consegue pensar na palavra.
Assim, Om é um nome do Senhor e o que Ele significa, a verdade do Senhor. Om não é, como se diz, o som primordial. Isto é uma tolice. Om é o nome do Senhor que é tudo. Quando eu digo a palavra Om, você vê o significado.
Significado vêdico do Om
Om é também usado como um símbolo (pratika em sânscrito) para tudo, o universo inteiro, porque Om sustenta tudo. O universo inteiro significa não somente o universo físico, mas também a experiência dele. Este é o significado que os Vedas depositam neste símbolo.
Sendo uma tradição oral, os Vedas explicam Om como feito de três partes. São partes fonéticas deste som Om e cada uma dessas partes carrega um certo significado. Isto é chamado superimposição, adhyasa. Você superimpõe um significado sobre estes sons.
No OM, há \"A\", há \"U\", há \"M\". \"A\" é uma vogal, \"U\" é uma vogal, \"M\" é a consoante. Então este \"A\" mais \"U\" mais \"M\" juntos tornam-se \"OM\". \"A\" mais \"U\" tornam-se \"O\", um ditongo. Se você percebe como \"A\" e \"U\" são pronunciados, como uma combinação no sthana, o local de onde o som vem, então você verá que \"A\" mais \"U\" só pode ser \"O\". E com \"M\" no final, ele se torna \"OM\".
O vocábulo \"A\" representa todo o mundo físico de sua experiência. O experienciador, a experiência e o experienciado, todos três são cobertos pelo som \"A\". Quando você está acordado você está ciente de seu corpo físico e deste mundo físico - conhecido e desconhecido. Você está também ciente da experiência do mundo físico. Ao mesmo tempo você está ciente do experimentador - que é você. Todos estes três dos quais você está ciente são \"A\".
O vocábulo \"U\" é o mundo de pensamento que é distintamente experienciado como diferente do mundo físico. Um mundo de pensamento, que é distintamente experienciado, como seu sonho, como sua imaginação e como abstrato ou sutil, sukshma, é representado por \"U\". O mundo de pensamento, o objeto do mundo de pensamento e sua experiência são o significado do som \"U\".
Em seguida há \"M\". Ele representa a experiência que você tem no sono profundo, a condição não manifesta. O que existiu antes e depois da criação é o significado do som \"M\".
Então, aquele que dorme e a experiência do sono, o sonhador e a experiência do sonho, o acordado e a experiência do acordado, todos estes três constituem o que nós chamamos como tudo o que existe. Todos estes três juntos representam Om. Om é completo:
vidim aviditam sarvam oàkarah
Nós vimos que o que existiu antes, o que existe agora e o que existirá mais tarde, tudo é OM. Igualmente, tudo que é desconhecido, o que é experienciado, a experiência e o experienciador é também OM. Isto é o Senhor, Bhagavan ou Ishvara.
Significado não lingüístico do Om
Todo o jagat, o mundo manifestado, é visto como um, mas nós podemos dizer, diversamente, que ele tem muitas formas. Você pode olhar cada uma delas como uma coisa, mas se você olhá-las diferentemente, descobrirá que é uma combinação de outras coisas. Cada uma tem uma forma, para a qual damos um nome.
Mesmo este corpo físico é um, mas diversamente, ele tem variadas formas. Nós temos duas mãos, duas pernas e em cada parte há muitas células. As células são diferentes também. Se nós tomamos as células, há muitos tipos delas: células do fígado, células do cérebro, etc. Além disso há componentes da célula, DNA, etc.
Portanto, você descobre que vai continuamente usando novas palavras porque há diferentes formas dentro de cada forma. Todos os nomes e formas não estão separados do Senhor. Mas, eu desejo dar um nome para o Senhor; assim, eu posso relacionar-me com Ele ou ver seu significado e então comunicar-me com Ele.
Então, que nome eu deveria dar - um nome que incluísse todas as formas? Quando eu digo \"pote\", não é \"cadeira\", não é \"mesa\", não é \"árvore\", nem \"tapete\"; \"pote\" é somente pote. Mas o Senhor é pote, cadeira, mesa, tapete .... tudo, Então o que eu devo fazer? Nós temos que recitar o dicionário inteiro!
Mas isto não é suficiente. Você tem que fazê-lo em cada idioma! Cada idioma, cada dialeto, tem seus próprios nomes e formas. Há uma quantidade de objetos no mundo que não são ainda conhecidos e nós continuamos inventando novos fatos para os quais nós descobrimos novos nomes.
Quando você vai ao idioma sânscrito há um outro problema. O dicionário é uma apologia ao idioma sânscrito. Dicionário no idioma sânscrito não é em absoluto um dicionário, porque o idioma sânscrito é cheio de palavras compostas e você pode fazer palavras compostas o tempo todo e quando você faz uma composição, ela é uma palavra que é válida mas não está no dicionário. Então, em sânscrito não pode haver um dicionário completo e abrangente. As possibilidades das palavras são infinitas.
Lingüisticamente, dar um nome ao Senhor - que é todos os nomes e formas - é uma tarefa impossível. Portanto, nós abandonamos os idiomas . Assim, nós temos outra explicação para o OM, que não é lingüística. Não olhe para ele como uma palavra. Olhe para ele como algo que é puramente fonético.
Todos os nomes são somente palavras. Todas as palavras são somente letras e todas as letras são somente sons. Letras e alfabeto também diferem. Em inglês você tem de \"A\" a \"Z\"; em latim começa com \"Alpha\" e termina com \"Omega\"; em Sânscrito ele vai do \"A\" ao \"H\".
Descobrimos que as letras são específicas para cada idioma. Portanto, vamos além das letras onde todas as particularidades dos idiomas são ultrapassadas.
Além das letras, um nome se torna um grupo de sons. O francês, o árabe, o membro de uma tribo africana, um erudito em sânscrito ou um brahmin de Boston, todos emitem alguns sons.
Especificamente, quando não conheço a língua escuto somente sons. Em cada idioma, certos sons se repetem, o que constitui a característica única daquele idioma. Mas, se um francês ou um indiano ou qualquer pessoa abrisse a sua boca para fazer um som, o que seria?
Quando você abre sua boca e faz um som, o som que é produzido é A. Se você fecha sua boca e faz um som, esse som é M. Você não produz nenhum outro som posteriormente. Todos os outros sons estão entre os sons A e M, sejam eles consoantes ou vogais. Entretanto, há um som que pode representar todos os outros sons, no sentido de completar todos os sons, você o faz arredondando seus lábios. Ele é U. Agora posso combinar esses três sons que representam todos os sons: A + U + M e fazer uma única palavra que se tornará Om, o nome do Senhor. Uma vez que você diz Om, você diz tudo.
Quando você conhece o significado, Om torna-se o nome do Senhor para você. Então você pode chamá-lo, invocá-lo e orar para Ele. É por isto que muitas preces, cânticos e mantras começam com Om.
____________________________
Swami Dayananda nasceu em uma vila no sul da Índia. Em 1953, morando e trabalhando em Chennai, vem a saber de uma série de palestras ministradas por Swami Chinmayananda, que se torna um de seus mestres, o que transforma sua vida. Dá início, então, ao aprofundamento do seu conhecimento de Vedánta e Sânscrito e em 1962 torna-se um renunciante.
Começou a ensinar Vedánta e Sânscrito em Rishkesh, no norte da Índia, às margens do rio Ganges, e em 1973 foi chamado por Swami Chinmayananda para ensinar durante dois anos e meio a um grupo de 50 estudantes em Mumbai.
Foi o início de vários cursos na Índia e nos Estados Unidos. Seus cursos, também ministrados em inglês, abriram aos estudantes do Ocidente a oportunidade de acesso a esse ensinamento. Swamiji, como é conhecido por seus discípulos, viaja por toda a Índia ministrando cursos e palestras, e desde 1976 tem viajado para os Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Suécia, Austrália, África do Sul, Brasil e Argentina.
Em todos esses países, assim como na Índia, Swami Dayananda Saraswati é conhecido por sua facilidade de comunicação e pela clareza e profundidade de seu conhecimento de Vedánta e da complexidade humana.
A primeira visita de Swamiji ao Brasil data de dezembro de 1978. Desde então, já realizou mais de 11 visitas ao nosso país, tendo estado em São Paulo, Recife e Campinas, além do Rio de Janeiro. Seus cursos e palestras são traduzidos para o português pela Professora Glória Arieira. Uma de suas mais recentes visitas ocorreu em março de 1999, quando tivemos a oportunidade de conviver com ele em um curso de quatro dias em Itatiaia, sul do Estado do Rio de Janeiro.
Swamiji dirige dois ashrams na Índia, um em Rishkesh e outro em Coimbatore, e o Arsha Vidya Gurukulam, nos Estados Unidos. Nessas instituições, onde Swamiji é o principal instrutor, os cursos de Vedánta e Sânscrito tem duração de trinta meses, em regime residencial, e o ensinamento é passado de mestre a discípulo, num fluir permanente, que tem como objetivo desdobrar a visão de "eu" como um Ser completo e livre.
Recentemente, Swamiji criou um programa para ajudar as pessoas que vivem em áreas distantes dos centros urbanos, na Índia. Esse programa oferece uma ajuda nas áreas de saúde, educação, autosuficiência e validação cultural. Para isso, ele conseguiu unir vários representantes de diferentes sampradayas ou tradições de ensinamento da Índia. Esse movimento chama-se All India Movement for Seva, AIM for Seva, movimento de toda a Índia para o serviço. Recentemente, Swamiji esteve envolvido com o Congresso Mundial para a Preservação da Diversidade Religiosa, que acontececeu em Delhi, de 15 a 17 de novembro de 2001, e que foi decorrente das palestras proferidas por ele na ONU nos dois últimos anos, cujo teor pode ser lido em carta para uma revista de Vedánta publicada na Índia.
Começou a ensinar Vedánta e Sânscrito em Rishkesh, no norte da Índia, às margens do rio Ganges, e em 1973 foi chamado por Swami Chinmayananda para ensinar durante dois anos e meio a um grupo de 50 estudantes em Mumbai.
Foi o início de vários cursos na Índia e nos Estados Unidos. Seus cursos, também ministrados em inglês, abriram aos estudantes do Ocidente a oportunidade de acesso a esse ensinamento. Swamiji, como é conhecido por seus discípulos, viaja por toda a Índia ministrando cursos e palestras, e desde 1976 tem viajado para os Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Suécia, Austrália, África do Sul, Brasil e Argentina.
Em todos esses países, assim como na Índia, Swami Dayananda Saraswati é conhecido por sua facilidade de comunicação e pela clareza e profundidade de seu conhecimento de Vedánta e da complexidade humana.
A primeira visita de Swamiji ao Brasil data de dezembro de 1978. Desde então, já realizou mais de 11 visitas ao nosso país, tendo estado em São Paulo, Recife e Campinas, além do Rio de Janeiro. Seus cursos e palestras são traduzidos para o português pela Professora Glória Arieira. Uma de suas mais recentes visitas ocorreu em março de 1999, quando tivemos a oportunidade de conviver com ele em um curso de quatro dias em Itatiaia, sul do Estado do Rio de Janeiro.
Swamiji dirige dois ashrams na Índia, um em Rishkesh e outro em Coimbatore, e o Arsha Vidya Gurukulam, nos Estados Unidos. Nessas instituições, onde Swamiji é o principal instrutor, os cursos de Vedánta e Sânscrito tem duração de trinta meses, em regime residencial, e o ensinamento é passado de mestre a discípulo, num fluir permanente, que tem como objetivo desdobrar a visão de "eu" como um Ser completo e livre.
Recentemente, Swamiji criou um programa para ajudar as pessoas que vivem em áreas distantes dos centros urbanos, na Índia. Esse programa oferece uma ajuda nas áreas de saúde, educação, autosuficiência e validação cultural. Para isso, ele conseguiu unir vários representantes de diferentes sampradayas ou tradições de ensinamento da Índia. Esse movimento chama-se All India Movement for Seva, AIM for Seva, movimento de toda a Índia para o serviço. Recentemente, Swamiji esteve envolvido com o Congresso Mundial para a Preservação da Diversidade Religiosa, que acontececeu em Delhi, de 15 a 17 de novembro de 2001, e que foi decorrente das palestras proferidas por ele na ONU nos dois últimos anos, cujo teor pode ser lido em carta para uma revista de Vedánta publicada na Índia.
* * *
Nenhum comentário:
Postar um comentário