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terça-feira, 28 de abril de 2009

Sri Yuktéswar


Uma Humilde homenagem e um breve resumo

Transcrição do livro Autobiografia de um Yogue por Yogananda

Do primeiro encontro com Sri Yuktéswar

Certa madrugada, dilacerado de angústia espiritual, entrei no sótão resolvido a orar até que uma resposta me fosse concedida.

- Misericordiosa Mãe do Universo, ensina-me TU mesma através de visões ou através de um guru enviado por Ti!

Horas decorreram sem que minhas súplicas pontilhadas de soluços, tivessem resposta. De súbito, senti-me como se fosse erguido corporalmente a uma esfera ilimitada.

"Teu Mestre vem hoje!" - Uma voz celeste feminina veio de todas as partes e de parte nenhuma.

A sublime experiência foi interrompida por um grito proveniente de lugar definido. Um jovem clérigo, com o apelido de Habu, chamava-me da cozinha ao rés do chão.

- Mukunda, (*nome de nascimento de Yogananda) chega de meditação! Precisam de voce para uma incubência!

Juntos, Habu e eu saímos para um distante mercado na seção bengali de Benares.

Um homem de aspecto crístico, em suas roupas ocres de swâmi, permanecia imóvel no fim da viela. Pareceu-me instantaneamente, e há muito tempo familiar. Em seguida, uma dúvida me assaltou.

"Voce está confundindo este monge errante com alguém conhecido "pensei. "Sonhador, continue seu caminho".

Dez minutos depois, senti em meus pés uma dormência pesada.

Como se tivessem virado pedra, eram incapazes de me levar adiante. Laboriosamente dei meia volta; meus pés reconquistaram a normalidade. Voltei-me na direção oposta; de novo, o curioso peso me reteve.

"O santo está me atraindo magnéticamente!" Com este pensamento empilhei meus pacotes nos braços de Habu e em corrida veloz, afastei-me silenciosamente.

Voltando atrás em meus passos como se estivesse calçado com asas, atingi a estreita viela. Meu rápido olhar descobriu a tranquila figura que olhava firmemente em minha direção.

Alguns passos ansiosos e eu estava a seus pés.

- Gurudeva! (*mestre divino) - Sua face divina era a mesma que eu vira em milhares de visões. Estes olhos de alcíone, numa cabeça leonina com barba em ponta e mechas de cabelo flutuante, haviam frequentemente assomado na escuridão de meus devaneios noturnos, penhor de uma promessa que eu não compreendera inteiramente.

- Voce veio a mim! Há quantos anos esperei por voce!

E nós sumimos em silenciosa unificação; as palavras nos pareciam da mais grosseira superfluidade. Com uma antena de incontestável percepção interior, senti que meu guru conhecia Deus e me levaria até Ele.

Uma promessa singular

- Quero sua promessa de que me revelará Deus.

Seguiu-se uma hora de serena discussão. A palavra de um Mestre não pode ser falsificada; não é dada levianamente. As implicações à garantia que eu suplicava abriam vastas perspectivas metafísicas.

Um guru deve encontrar-se realmente em termos íntimos com o Criador antes de poder obrigá-Lo a aparecer! Percebi a unidade de Sri Yuktéswar com Deus e estava resolvido, como discípulo seu, a aproveitar minha vantagem.

- Voce tem a disposição exta! - Então, o consentimento do Mestre compassivo soou afinal:

- Seja seu desejo o meu desejo.

Uma sombra que perdurara uma vida inteira sumiu de meu coração. A vaga procura, de cá para lá, tinha chegado ao fim. Eu encontrara abrigo eterno em um verdadeiro guru.

- Venha, mostrar-lhe-ei o eremitério.

- Olhando ao redor, notei em uma parede, um retrato enfeitado com um raminho de jasmim.

- Láhiri Mahásaya! - disse eu, atônito.

- Sim, meu divino guru. Ele foi, como homem e como yogue, maior do que qualquer outro mestre cuja vida entrou em meu campo de investigação.

Silenciosamente me curvei ante o retrato familiar. As homenagens de minha alma alçaram-se velozes, para o Mestre incomparável que, abençoando minha infância, tinha guiado meus passos até aquele instante. (* Yogananda quando criança, fôra curado milagrosamente de grave doença, num ato de fé de sua mãe, perante a foto de Láhiri Mahásaya, de quem seus pais foram discípulos.)

A sabedoria de Yuktéswar

As quietas horas da noite traziam, amiúde, dissertações de meu guru: tesouros que desafiam o tempo. Cada uma de suas palavras era cinzelada pela sabedoria. Sublime autoconfiança assinalava seu estilo expressivo, que era único. Sempre falou como ninguém, segundo a minha experiência, jamais o fez. Seus pensamentos pareciam pesados na delicada balança do discernimento, antes de permitir-lhe o traje exterior da linguagem.

Se os hóspedes percebiam que se embebia estaticamente no Infinito, ele rápido, reatava a conversação. Era incapaz de ostentar pose, ou pavonear-se de sua interiorização sublime. Sempre unificado com Deus, não precisava reservar um tempo especial para essa comunhão.

Um mestre com experiência da Divindade já deixou para trás os degraus da meditação.

Profecias do Mestre

Meu guru era intérprete incomparável das escrituras. Mas as jóias de seus pensamentos não eram atiradas as cinzas da desatenção ou da imbecilidade. Bastaria um movimento inquieto de meu corpo ou uma ligeira distração para colocar uma pausa na exposição do Mestre.

- Voce não está aqui. - Uma tarde, Sri Yuktéswar interrompeu-se, fazendo-me esta observação.

Como de hábito, ele vigiava implacavelmente os rumos de minha atenção.

- Gurújí! - Meu tom de voz era de protesto. - Eu não me movi; minhas pálpebras nem piscaram; posso pronunciar cada palavra que o senhor pronunciou.

- Apesar disso, voce não estava integralmente comigo. Sua objeção me obriga a declarar que na sua mente voce criava tres instituições. Uma era um retiro em meio aos bosques de uma planície, outra no cimo de um monte, e a terceira junto ao oceano.

Aqueles pensamentos vagamente formulados haviam se apresentado, de fato, quase subconscientemente. Olhei-o com ar de desculpa.

- Que posso fazer com um mestre que assim penetra minhas preocupações fortuitas?

- Voce me deu o direito. As verdades sutis que estou expondo não podem ser compreendidas sem concentração integral. A menos que seja necessário, eu não invado o recesso das mentes alheias. O homem tem o privilégio natural de vagar secretamente entre seus pensamentos.

O próprio Senhor, se não é convidado, não entra ali; nem eu me arrisco a ser um intruso.

- O senhor é sempre bem vindo Mestre!

- Seus sonhos arquiteturais se materializarão mais tarde. Agora é tempo de estudar!



Assim, incidentalmente meu Mestre revelou o advento de tres importantes acontecimentos em minha vida. Na sequência exata que Sri Yuktéswar os mencionou, estas visões acabaram por se concretizar. Em primeiro lugar veio a fundação de minha escola de yoga para meninos numa planície em Ranchi; depois a sede americana no cimo de um monte em Los Angeles; e afinal, o retiro de Encinitas na Califórnia, defronte ao vasto Pacífico.

O Mestre nunca disse com arrogância: "profetizo que este e aquele acontecimento ocorrerão".

Mas sua linguagem simples escondia um poder de vaticínio. Não havia retratação; nunca suas predições levemente veladas resultaram falsas.

Sri Yukteswar era reservado e objetivo em seu comportamento. Seus pés assentavam firmes no chão, sua cabeça no porto dos céus. A gente prática despertava sua admiração. "A santidade não é tontice! As percepções divinas não são incapacitadoras - costumava dizer - "virtude expressa em atividade, promove a mais aguda inteligência."

Meu guru, na conversação evitava fazer referências surpreendentes; na ação, era expressivo e livre. Muitos instrutores falavam de milagres mas não podiam realizar um só; Sri Yuktéswar mencionava raramente as leis sútis, mas operava com elas à vontade e em segredo.

Bondade e imparcialidade de Yuktéswar

De vez em quando, um novo estudante expressava dúvidas quanto ao seu próprio mérito para dedicar-se à prática de yoga.

- Esqueça o passado -Sri Yuktéswar o consolaria- as vidas anteriores de todos os homens se acham obscurecidas por muitas ações vergonhosas. A conduta humana é sempre falível enquanto não está ancorada no Divino. Tudo melhorará no futuro se na atualidade voce fizer um esforço espiritual.

A disciplina não me era desconhecida. Perfeccionista, meu guru era hipercrítico de seus estudantes.

Meu guru não podia ser subornado, nem mesmo por amor. Não mostrava qualquer indulgência com quem, como eu, voluntariamente se oferecera para ser seu discípulo. Sua linguagem era sempre clara, categórica, contundente. Este tratamento aplainador do ego era duro de suportar, mas eu adotara a decisão irrevogável de permitir que Sri Yukteswar passasse a ferro todas as minhas rugas psicológicas. Enquanto ele trabalhava nessa transformação titânica, muitas vezes estremeci sob o peso de seu martelo disciplinador.

Sou-lhe imensamente agradecido pelos golpes humilhantes que desferiu em minha vaidade.

Atrevo-me a dizer que Sri Yukteswar teria sido o mais procurado guru da India se sua linguagem não tivesse sido tão dura e severa.

No entanto, suas palavras nunca demonstravam cólera, mas eram impessoais em sua sabedoria. As repreensões do Mestre raramente se destinavam a visitante casuais; mas em relação aos estudantes que buscavam seu conselho, Sri Yuktéswar sentia séria responsabilidade.

- Sou muito duro para os que buscam meu treinamento. - admitia ele ao conversar comigo. - Esta é a minha maneira. Mas voce será muito mais brando com seus discípulos; essa é a sua maneira de ser.

Eu busco purificar apenas com o fogo da severidade: - um cauterizante que ultrapassa a tolerância média. A delicadeza do amor também é transfigurante. - Acrescentou ele: - Voce irá a países estrangeiros onde os bruscos assaltos ao ego não são apreciados. Um mestre não poderia divulgar a mensagem da India no ocidente, sem um amplo cabedal de paciência acomodatícia e de indulgência.

(Recuso-me a dizer quantas vezes, na América, eu me lembrei das palavras do Mestre!)

Sri Yuktéswar falava fluentemente inglês, francês, bengali e hindi e aconselhava seus discípulos a serem elos vivos das virtudes do oriente e do ocidente. Ele próprio, executivo como um ocidental em seus hábitos exteriores, era interiormente um oriental em espiritualidade. Elogiava o progresso, os recursos e os processos higiênicos do ocidente, e os ideais religiosos que dão ao oriente sua auréola de séculos.

Excetuando as escrituras, Sri Yuktéswar lia pouco. E contudo, estava invariavelmente a par das últimas descobertas científicas e de outros progressos do conhecimento.

Conversador brilhante, apreciava trocar idéias sobre inúmeros tópicos com seus hóspedes. A inteligência sagaz e o riso travesso de meu guru animavam qualquer discussão.

Dentre filósofos, professores, advogados e cientistas que vinham ao eremitério, alguns, em sua primeira visita,chegavam pensando encontrar um religioso ortodoxo.

Após conversarem com Sri Yuktéswar e descobrirem que ele penetrava com intuição exata em seus setores de estudos especializados, era com relutância que se despediam.

A praticidade do Mestre

Sua independência finaceira era um dos motivos que desproviam meu Mestre das astúcias da diplomacia.

Era impermeavel às influências abertas ou sutis, da riqueza alheia. Em seu eremitério, ministrava educação gratuita a todos os discípulos.

Meu guru cuidava pessoalmente dos detalhes relativos à administração de sua propriedade. Pessoas inescrupulosas, em várias ocasiões, tentaram apossar-se de sua terra ancestral. Com determinação e até intentando ações judiciais, Sri Yukteswar venceu todos os seus oponentes.

Sujeitou-se a experiências penosas, movido pelo desejo de jamais ser um guru mendicante, ou uma carga para seus discípulos.

"Mais suave que a flor quando se trata de bondade, mais forte que o trovão quando os princípios estão em jogo."

Com frequência refleti que meu soberano Mestre poderia ter sido, facilmente, um imperador ou um guerreiro que faria tremer o mundo, se houvesse concentrado sua mente na fama ou nas conquistas terrenas. Em vez disso, ele escolhera investir contra as cidadelas da raiva e do egotismo cuja queda equivale à ascensão do homem.

* Sri Yuktéswar viveu de 1855 a 1936 e além de grande sabedoria, como todo ser uno com Deus, possuia muitos poderes. Após alguns meses de sua partida, materializou o corpo que "vestira" na terra, para Yoganandaji num quarto de hotel, onde relatou-lhe suas experiências do mundo astral e causal, nos brindando mais uma vez com sua sabedoria e a promessa da imortalidade do espírito...Esse reencontro inusitado e relato riquíssimo, voce encontra na Autobiografia de um Yogue.




Fonte: http://www.almasdivinas.com.br/vida/yukteswar.htm

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